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Fronteiras Amazônicas 

Coordenadores: Carlo Romani (UNIRIO), Adilson Brito Junior (UFPA) e Francivaldo Alves Nunes (UFPA)

Mesa Redonda Fronteiras Amazônicas

06/11 - 13:30 - Auditório Tércio Pacitti - CCET

Carlo Romani (UNIRIO), Adilson Junior Brito (UFPA) e  Francivaldo Alves Nunes (UFPA)

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Sessão 1 – 06/11 – 15:30 -Auditório Tércio Pacitti - CCET

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Vila de Ega: Espaço de Sociabilidades em Região de Fronteira (Amazônia, 1781-1791)

Simei Maria de Souza Torres (PUC-SP)

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Neste estudo preocupamo-nos em investigar e analisar a construção e constituição de espaços sociais, seus atores e práticas de sociabilidades em uma região de fronteira, mais precisamente a partir do cotidiano dos agentes, portugueses e espanhóis, envolvidos nos trabalhos das demarcações de fronteira na Amazônia decorrentes do Tratado Preliminar de Limites de Santo Ildefonso (1777), quando as Partidas ibéricas ficaram sediadas na Vila de Ega a espera de definições sobre a continuação dos serviços das demarcações. 

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Um experto em Amazônia? O informante luso do geógrafo William Faden e o mapa "Colombia Prima or South America"

                                        Carmem Marques Rodrigues (UFMG)

Em 1807 o geografo inglês William Faden publicou um monumental mapa sobre a América do Sul que trazia informações muito mais detalhadas que todos os outros publicados anteriormente. O mapa recebeu o título de “Colombia Prima or South America” e possuía informações detalhadas sobre áreas estratégicas do continente como, por exemplo, a Amazônia. Mas como o geógrafo inglês teve acesso a informações extremamente detalhadas dessa parte do Continente? O próprio William Faden deixou exposto nas advertências do mapa que seu informante e patrocinador principal foi o português Luís Pinto de Sousa Coutinho, o Visconde de Balsemão. Para a historiadora colombiana Lina del Castillo o colaborador português de Faden era um experto em Amazônia, o que explicaria a origem das informações, porém a estudiosa não explica mais detalhadamente como chegou nessa conclusão. Tal lacuna nos fez questionar sua conclusão, pois sabemos que o Visconde esteve no Brasil como Governador do Mato Grosso e depois de apenas 3 anos de governo seguiu para a Europa, onde fez carreira como embaixador em Londres e Ministro do Reino. Será que Balsemão conhecia ou possuía informações detalhadas sobre a Amazônia? Por que teria tanto interesse nessa área? E, principalmente, por que repassaria essas informações a um cartógrafo estrangeiro? As respostas dessas perguntas que pretendemos apresentar nessa comunicação, com o objetivo de problematizar a participação desse agente colonial português como informante e patrocinador do mapa de Willian Faden, em um contexto de intensas disputas sobre as fronteiras da Amazônia. Queremos ressaltar que nossas conclusões são parciais, pois essa comunicação faz parte de uma pesquisa mais ampla, que estamos desenvolvendo no doutorado, sobre a participação de Balsemão no delineamento das fronteiras brasileiras no mapa de Faden.

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Correo del Orinoco: discursos y percepciones de los republicanos respecto al Imperio Portugués

Oscar Javier Castro (USP)

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En 1818, en Angostura, los insurgentes liderados por Simón Bolívar comenzaron a publicar el periódico Correo del Orinoco con el objetivo de informar a sus lectores sobre sus acciones militares y políticas. Dichas acciones tenían como fin fundar la llamada República de Colombia. Sin embargo, en ese momento una buena parte del territorio que supuestamente haría parte de esa República estaba bajo el control de las fuerzas realistas españolas, que, a su vez, desde 1816 lo habían reconquistado del control de los republicanos. El Correo fue el medio por el cual los republicanos publicitaban sus victorias, acciones y discursos políticos. Tal periódico tenía amplia circulación en Venezuela, Nueva Granada, Brasil y algunas partes de Europa y América. Aquí se busca analizar cuáles eran las percepciones y discursos que se publicaban en el Correo respecto al mundo lusoamericano, es decir, sobre el Imperio Portugués. Asimismo se busca examinar cómo era percibido el imperio portugués por los publicistas republicanos. El recorte temporal que analizaremos aquí será de 1818 a 1822, años en los que el Correo fue publicado. Ese período es importante para comprender y explicar parte del proceso independentista y revolucionario en el mundo iberoamericano. Por ejemplo, en el último año de publicación del Correo, 1822, la República de Colombia consolidaba su independencia y el Imperio de Brasil se independizaba del imperio portugués, es decir, podemos igualmente observar el surgimiento de dos nuevos estados nacionales.

 

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A História entre fronteiras: Os Institutos Históricos e o Debate sobre a Nação e a Região na Historiografia Amazônica

                                                Lucilvana Ferreira Barros (UFPA)

A primeira metade do século XX na Amazônia assistiu o processo de reinvenção do conhecimento histórico, instituindo-se a escrita da História como campo de embates e reflexões políticas na e sobre a região. Este processo de reinvenção do conhecimento histórico decorre em grande medida em função das transformações econômicas, políticas e sociais vivenciadas na região, impulsionadas em grande medida pela crise da borracha vivenciadas em capitais como Belém e Manaus a partir das primeiras décadas do século XX. Este cenário decadentista na região amazônica impulsionou a escrita de uma história regional arquitetada pelos tradicionais espaços de produção e propagação de saberes históricos, ou seja, os Institutos Históricos e Geográficos locais, IGHA e IHGP. Assim, as referências escriturísticas neste momento constituíam-se a partir de novos parâmetros intelectuais e temáticos (PAIVA, 2000). Considerando a noção de fronteira também pela acepção que representa uma zona de contato, postula-se que os Institutos Históricos e geográficos estaduais da Amazônia (Pará e o Amazonas), entre 1930 e 1950, em contato com o IHGB acabaram por elaborar uma pauta histórica com ênfase na história e identidade regional amazônica, sem perder de vista no horizonte a História Pátria. Dessa pauta emerge o trabalho de inserir a história regional na história nacional e logo a integridade e historicidade do território amazônico. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo analisar a produção dos institutos históricos do Pará e Amazonas, bem como do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB), em relação a representação da história da Amazônia brasileira no período em estudo. Entre 1930 e 1954, não se tem ainda um estudo de maior densidade que configure quem foram os interpretes no campo da cultura histórica que “desenharam”, imaginaram e até projetaram a Amazônia a partir de seus trabalhos emergidos dos contextos históricos de Belém e Manaus, apenas se conhece que esta foi uma fase ensaísta da historiografia amazônica, como elenca Geraldo Mártires Coelho (1999). Este trabalho é derivado de uma pesquisa mais ampla de doutoramento e nesta comunicação tomará como fontes as revistas do IGHA, IHGP, cartas, correspondências, folhetins dos institutos históricos, os discursos e demais textos dos intelectuais que versaram sobre a Amazônia e sua relação com a Nação.

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Os Conflitos Regionais e a Reconstrução das Fronteiras Sul-Americanas na Visão dos Militares Brasileiros: Olhando Através dos Documentos Produzidos pelo Exército Brasileiro

Fernando da Silva Rodrigues (Universidade Salgado de Oliveira)

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Neste estudo tem-se como objetivo investigar a importância histórica de alguns conflitos contemporâneos da América do Sul, na reconstrução das fronteiras nacionais e no aumento das tensões militares pela segurança e defesa. Nessa comunicação, será dada atenção especial a dois conflitos regionais ocorridos no século XX, próximos às fronteiras brasileiras, dos quais o Brasil, além de manter vigilância constante, veio a participar da arbitragem internacional: a Guerra do Chaco, conflito entre a Bolívia e o Paraguai (1932-1935), na fronteira oeste; e a Questão Letícia, conflito entre a Colômbia e o Peru (1932-1934), na fronteira norte.

 

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Sessão 2 – 07/11 – 10:30 - Sala de Defesas do PPGH

 

Entre o norte agrário e o sul do Brasil: a fronteira do novo norte e a invenção da região amazônica (1870-1910)

                                         Roberg Januário dos Santos (Unifesspa)

Este trabalho é parte de uma pesquisa mais ampla de doutoramento que investiga as condições históricas, entre as décadas finais do século XIX e a primeira década do século XX, que possibilitaram a elaboração da região amazônica em detrimento de antigas definições espaciais em torno do Extremo Norte e Vale do Amazonas. O objetivo desta comunicação reside em analisar o debate regional brasileiro entre o Norte e o Sul do país, caracterizando o que era à época o Norte e o Sul e como a Amazônia emerge desta disputa/enfrentamento regional. O corpus documental abarca matérias da imprensa, livros de intelectuais, discursos de parlamentares, entre outros. O Norte antes abrangia áreas de grandes lavouras (açúcar, algodão, cacau) e com o passar do tempo o extrativismo, notadamente o da borracha, opera um recorte espacial provocando a emergência do novo Norte, desta feita o da borracha (Mello, 1999). Este novo Norte tem implicações na invenção da Amazônia como espaço regional, pois considerando que até o século XIX as economias traduziam certas delimitações regionais, como a ideia de Norte agrário (açucareiro e algodoeiro), Vale do Paraíba (cafeeiro) e Sul (charqueadas), a borracha passou a representar no cenário nacional o novo Norte, uma vez que no cenário do Império do Brasil as ideias de região e regionalismo como atributos políticos e culturais eram ofuscadas em nome da chamada unidade nacional. Segundo Consuelo Quadros (1977), a formação do regionalismo no Brasil ocorre na segunda metade do século XIX, grosso modo, provocada pela decadência econômica e política do Norte do país e a ascensão da economia cafeeira do centro Sul, notadamente no Rio de Janeiro e em São Paulo. O centro do Sul do país com o apoio do Governo Central (Império) concentrava a maioria dos investimentos materiais e caminhava na liderança econômica e política do Brasil. Por outro lado, com uma economia crescente, um polo urbano (Belém), uma praça comercial movimentada e a maior bacia hídrica do país, os representantes políticos e as elites nortistas do Vale do Amazonas forjaram um novo capítulo do regionalismo brasileiro, pois passaram a reivindicar atenção do Governo Central para com a navegação, a imigração estrangeira, investimentos materiais, revisão das administrações provinciais e a representação política no Parlamento. O caminho encontrado por essas elites, agentes políticos, intelectuais e instituições foi a invenção da Amazônia enquanto representação regional para defesa e representatividade do Pará e Amazonas no cenário nacional e ganho de visibilidade no exterior. A partir deste momento, tendo se intensificado na era de ouro da borracha, ou seja, entre 1880 e 1910, o termo Amazônia passa a diferenciar o Pará e o Amazonas da área ocidental do Norte, hoje região Nordeste, elaborada nas primeiras décadas do século XX, conforme a Albuquerque Junior (2011).

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Configurações da indústria do alumínio na Amazônia: território produtivo e relações de trabalho a partir do estudo de caso do Consórcio Alumar no Maranhão

Carla Regina Assunção Pereira (UFMA)

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As reflexões contidas neste trabalho referem-se às questões de pesquisa teórica e empírica sobre o mapa produtivo dos projetos multinacionais na Região Amazônica brasileira, a partir do estudo de caso do Consórcio de Alumínio do Maranhão-Alumar. O processo de reespacialização das empresas multinacionais de minerais configurou-se a partir da Segunda Guerra Mundial, com o aumento do consumo e a escassez de matérias primas nos países centrais do norte global, que resultaram no desequilíbrio entre oferta e procura nos anos de 1970, direcionando suas operações para países em desenvolvimento com potencial em recursos naturais. Nesse contexto, a Região Amazônica, através do Programa Grande Carajás, em finais dos anos 1960 e início dos anos 1970, tornou-se parte do mapa dos projetos multinacionais, e passou a integrar os planos de desenvolvimento regional do país, viabilizados pelas descobertas do grande potencial mineral de ferro e bauxita, e energético da região. Os projetos da indústria do alumínio começaram a ser viabilizados pelas descobertas das jazidas de bauxita na região do Rio Trombetas (PA) a partir de 1968, pelo grupo Aluminium Company of Canada (ALCAN) e pela ALCOA, através da Companhia de Mineração de Santarém (COMISA), culminando na criação da empresa Mineração Rio do Norte (MRN) em 1975. No início dos anos 1970 começou a formar-se uma infraestrutura para a implantação dos grandes projetos da Amazônia, através de barragens para a geração de energia, grandes eixos rodoviários, projeto da ferrovia do aço, estrutura portuária, fábricas de alumínio, constituindo uma rede logística exportadora, que contava com critérios tarifários especiais e isenções fiscais pelos governos federal e estaduais. Nos anos de 1980, o estado do Maranhão passou a constar no mapa produtivo da indústria do alumínio, através do Consórcio Alumar, com a produção do alumínio primário, formando um centro de produção relativamente integrado a partir da extração da bauxita no Pará. Após um longo período de crescimento industrial, a conjuntura econômica dos anos 2000 reconfigurou o mapa mundial da indústria do alumínio, que culminou no encerramento da produção do alumínio primário pelo Grupo Alcoa no país, e especificamente do Consórcio Alumar no Maranhão. O Grupo Alcoa no Brasil buscou estratégias de diversificação de suas atividades empresarias, efetivando um Projeto Integrado de expansão, com investimentos diretos na extração de bauxita nas minas de Juruti (PA), participação acionaria em hidrelétricas, construção de infraestrutura em porto e ferrovia e expansão da capacidade produtiva na refinaria de alumina da Alumar. Problematiza-se, nas Redes Globais de Produção (RGPs), os impactos na configuração dos empregos diretos e indiretos, e as relações de trabalho em condições de formalidade, flexibilidade e precariedade, que caracterizam estratégias de subsistência dos trabalhadores e de reprodução da força de trabalho na dinâmica produtiva dos sistemas econômicos globais.

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A aquisição de terras por estrangeiros na Amazônia Legal: a articulação entre latifúndio e o capital monopolista

Carlos Alberto Vieira Borba (UNIMES)
 

O objetivo desse estudo é investigar, a partir da atuação de um grupo de grilagem de terras que surgiu Goiás em meados dos anos de 1950 em Goiás, e estendeu sua atuação para outros estados situados na Amazônia Legal, a atuação de grupos estrangeiros no negócio de terras no Brasil e particularmente nessa área . Esse processo intensificou após 1964, quando foi dado o gole empresarial-militar. Estima-se que nesse momento a aquisição das terras brasileiras por grupos estrangeiros chegou a aproximadamente 3,5% do território goiano. Essa aquisição se processou numa região estrategicamente importante, conforme o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), responsável por investigar aquisição de terras por estrangeiros na Amazônia Legal: “ao examinar a aquisição de terras para estrangeiros observa-se a formação de um cordão isolando a Amazônia do resto do Brasil” . Assim o objetivo com esse estudo é analisar a atuação do capital estrangeiro e sua influência no projeto de contrareforma agrária implantando com o Estatuto da Terra em 1964, articulado com a o papel do país na reconfiguração da Divisão Internacional do Trabalho como produtor de bens primários.

 

 

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